Uberlândia/Araxá
10h16 29 Março 2018
Atualizada em 30/11/-0001 às 00h00

Empresários e policiais são alvos de nova fase da Operação ‘Fênix’ em Uberlândia e Araxá

Por Caroline Aleixo e Palmira Ribeiro/G1 Triângulo Mineiro
Reprodução

Vinte e oito mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão foram cumpridos durante a manhã dessa terça-feira (27) na 5ª fase da Operação “Fênix”. As investigações foram conduzidas pelo Ministério Público Estadual (MPE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia.

Segundo informações da Promotoria de Justiça, houve diligências em Uberlândia e Araxá, no Alto Paranaíba, onde foram cumpridos mandados de prisão preventiva. Nesta fase foram denunciados policiais civis, delegados, empresários do ramo de veículos e de um ferro-velho.

Investigações em Uberlândia

Dos nove policiais citados, seis são de Uberlândia. Entre eles estão os policiais José Amadeu dos Santos, que foi levado preso, e o delegado Hugo Leonardo Marques de Jesus, que ainda não foi localizado. Por telefone, a defesa de Hugo Leonardo disse ao G1 que irá se pronunciar tão logo tenha acesso à cópia do processo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de José Amadeu.

Outros dois policiais de Uberlândia denunciados nesta fase são Rogério Bonfim de Almeida e Petrônio Simões de Lima Junior. Eles já estavam presos na Casa de Custódia da Polícia Civil devido a outras denúncias provenientes das investigações do Gaeco.

Segundo o Gaeco, esta fase da operação em Uberlândia engloba a investigação do possível pagamento de vantagem de um indivíduo por meio do advogado dele, no valor de R$ 50 mil, ao delegado Hugo Leonardo Marques de Jesus, aos investigadores José Amadeu dos Santos, Rogério Bonfim de Almeida e Petrônio Simões de Lima Junior, além do escrivão Leandro Marques de Mello.

Conforme o órgão, a intenção deles seria omitir a prática de atos de ofícios ou a prática com infringência de dever funcional. A matéria continua depois da publicidade.

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De acordo com o Gaeco, todos eles também são investigados por crimes de falsidade ideológica e prevaricação, os quais teriam omitido os reais proprietários de uma substância entorpecente apreendida numa residência. No documento da operação, o Gaeco não informou à imprensa quando foi esta ocorrência entre outros detalhes.

Estes citados ainda são investigados por suposto crime de lavagem de dinheiro. Juntamente com eles estão empresários do ramo de compra e venda de veículos. Conforme apurado na operação, havia uma negociação de um veículo entregue aos policiais civis à título de propina.

Estes empresários constam no documento com possível envolvimento em corrupção ativa e passiva. Fora os dois, nesta denúncia específica também consta o nome de um empresário do ramo de ferro-velho em Uberlândia.

Investigações em Araxá

Contra o delegado de Araxá, Sandro Montanha, a investigação engloba o suposto pagamento de vantagem indevida no valor de R$ 50 mil por parte de um indivíduo com a participação da companheira dele e do advogado.

Estão envolvidos nesta citação os investigadores de polícia de polícia Alisson Reis Santana, Dioges Martins Ramos e Davi Silva Ostrowski. Todos são suspeitos de omitir a prática de atos de ofícios ou de prática com infringência de dever funcional.

Os mesmos ainda são investigados por suposto crime de obstrução de Justiça na omissão de interceptações telefônicas realizadas naquela cidade e que comprovariam o crime de organização criminosa e associação para o tráfico de entorpecentes. A matéria continua depois da publicidade.

Ao MGTV, a defesa de Davi Silva Ostrowski, policial em Araxá, conversou com a reportagem. O advogado Vinícius Ganzarolli disse em entrevista que espera ter acesso aos autos para poder se manifestar sobre o assunto.

Com relação à defesa de Alisson, o advogado Mauro Campos informou que espera ter acesso aos autos para se manifestar e que o cliente está estarrecido porque sempre se tratou de um policial exemplar e honesto. Campos também disse que o cliente irá se apresentar posteriormente.

Já o advogado Wisley Martins Soares disse que o cliente Sandro Montanha estava de folga e viajando com a família, mas irá se apresentar posteriormente junto à Casa do Policial Civil, em Belo Horizonte.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Dioges Martins Ramos, que trabalhou em Araxá em 2015 e atualmente está lotado em Uberlândia.

5ª fase da Operação Fênix

Nesta terça-feira (27) foram cumpridos 14 mandados de prisão. Destes, três dos investigados já estavam presos, um no Presídio Jacy de Assis (Kenny Cassiano Jorge) e dois na Casa de Custódia da Polícia Civil (Rogério Bonfim de Almeida e Petrônio Simões de Lima Junior).

Os outros sete mandados de prisão expedidos contra os ocupantes de cargo na Polícia Civil de Minas Gerais foram cumpridos pela Corregedoria da instituição. Dos sete investigados, apenas dois foram presos (os investigadores de Polícia Davi Silva Ostrowski e José Amadeu dos Santos), estando os cinco demais foragidos - ou seja, segundo o MP eles ainda não foram localizados. A matéria continua depois da publicidade.

São eles: os delegados de Polícia Hugo Leonardo Marques de Jesus e Sandro Montanha de Souza Negrão, o escrivão de Polícia Leandro Marques de Mello e os Investigadores de Polícia Alisson Reis Santana e Dioges Martins Ramos.

Mandados contra empresários
Os quatro mandados de prisão expedidos contra os investigados que não integram os quadros da Polícia Civil de Minas Gerais foram cumpridos por guarnições da Polícia Militar de Minas Gerais, tendo sido todos efetivamente cumpridos contra os empresários Carlos Henrique Ferreira, Juliano Magalhães da Silva e Marco Emilio Neme Ferreira Hamu e F.P.A - este último o MP não informou o nome em sigla.

Fim do inquérito

As investigações serão encerradas no prazo de 10 dias e a denúncia em face dos investigados será oferecida no prazo de cinco dias, contados da data do encerramento das investigações.

Possível vazamento de informações

Ainda conforme o Gaeco, diante do baixo indício de cumprimento dos mandados de prisão expedidos em face de policiais civis, o Ministério Público encetará diligências no sentido de apurar eventual vazamento de informações em todas as esferas que tomaram conhecimento das investigações e deflagração da operação.

Acompanhe a Operação Fênix

A primeira fase da Operação Fênix foi deflagrada pelo Gaeco de Uberlândia no dia 19 de dezembro e culminou no cumprimento de mandados em Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.

Durante a primeira fase foram cumpridos mais de 200 mandados contra policiais civis, incluindo investigadores, escrivães e delegados, além de advogados. Na sequência, o MPE ofereceu 29 denúncias dos envolvidos ao Judiciário. Entre os 59 policiais presos nesta fase, cerca de 12 respondem em liberdade.

• A Operação "Fênix" foi deflagrada pelo Gaeco de Uberlândia, no dia 19 de dezembro de 2017. A primeira fase da megaoperação culminou no cumprimento de cerca de 200 mandados em Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.

• Na segunda fase da operação, ainda em dezembro, dois advogados foram presos.

• No dia 20 de dezembro, a Polícia Civil publicou no Diário Oficial do Estado a dispensa de alguns delegados presos na operação e nomeação dos novos responsáveis pelos departamentos de Uberlândia, Araguari, Patos de Minas e Pouso Alegre.

• Uma nova publicação foi feita no dia 27 de dezembro e nomeou o delegado regional de Uberlândia, Edson Rogério de Morais, como novo delegado-chefe do 9º Departamento de Polícia Civil. A função de delegado regional da cidade ficou a cargo de Luís Gustavo Oliveira.

• Em 3 de janeiro de 2018 o primeiro policial civil preso na operação foi liberado. Desde então cerca de dez presos, entre investigadores, advogados e o delegado Samuel Barreto, também foram soltos.

• No dia 1ª de março, o Gaeco voltou a prender na 3ª fase da operação três denunciados que haviam sido liberados. Entre eles estão um advogado, um investigador e o delegado Samuel Barreto.

• No dia seguinte, mais um advogado foi preso suspeito de corrupção e obstrução de Justiça.

• Cerca de doze policiais denunciados na “Fênix” respondem em liberdade. Até o momento, 32 denúncias foram remetidas ao Fórum de Uberlândia.

 

 

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